Pediram para que eu escrevesse um texto falando sobre um jogo emocionante nessa minha vida de torcedora rubro-negra. Tenho três jogos guardados na minha memória como os mais emocionantes que foram : o primeiro jogo entre Flamengo x Botafogo, pela decisão do campeonato brasileiro de 1992, o Flamengo x Vasco do antológico gol do Pet e o Santos 4 x 5 Flamengo, do ano passado, na Vila Belmiro. Para esse texto, escolhi falar sobre o jogo de 1992.
Eu não me lembro, especificamente, quando comecei a torcer pelo Flamengo, até porque, tenho a certeza de que eu já nasci Flamengo. Sou filha de pai vascaíno e mãe botafoguense e nasci bem na época em que aquele timaço de Zico, Júnior e cia encantava o mundo. Minha mãe é fã de futebol e, mesmo botafoguense, gostava de assistir àquele time do Flamengo jogando e sempre venerou Zico. Por conta disso, ela me contou que uma das primeiras palavras que falei, em toda minha vida, foi, justamente "Zico". Não falava um "Zico" dos mais bem falados, é verdade, mas todos entendiam a quem eu estava me referindo.
No campeonato brasileiro de 1992, eu já era daquelas fanáticas que não perdiam um jogo por nada nesse mundo. E, naquele ano, minha fé rubro-negra foi posta pra jogo porque, mesmo quando todos falavam que não seríamos campeões, eu sempre acreditei no título. Até mesmo no momento em que precisávamos de uma mãozinha dos vascaínos nessa caminhada. E o difícil aconteceu : o Vasco ganhou do São Paulo, nós ganhamos do Santos e fomos para a grande final.
Eu passei dias e mais dias querendo ir ao jogo, mas meus pais não deixavam. Falavam que eu era muito nova, que era muita confusão e que era muito perigoso. Passei dias e dias chorando até que um tio meu, penalizado, resolveu me levar, escondido dos meus pais. Conseguimos dois ingressos de última hora e fomos. Os portões abriam às 14:00 horas e foi nessa hora que entramos no Maracanã. As ruas em volta do estádio já estavam lotadas, era muita gente, aquela alegria rubro-negra no ar e eu queria ficar mais tempo lá fora curtindo isso. Mas, meu tio achou melhor entrarmos logo e, como ele já estava fazendo o enorme favor de me levar lá, eu não podia abusar muito, não é verdade?
Quando entramos, a arquibancada estava vazia, até porque fomos quase que os primeiros a entrar. Sentei num lugar e fui vendo aquilo enchendo, enchendo, enchendo. Fui vendo a arquibancada sendo tomada por cores rubro-negras e o que antes estava meio silencioso foi se tornando cada vez mais barulhento. Por sorte, sentei no local onde ficava a Raça Rubro-Negra que, naquele dia, fez uma festa das mais bonitas que já vi em toda a minha vida de torcedora de arquibancada. Nesse dia, ganhei duas paixões que foram o "torcer na arquibancada" e a Raça Rubro-Negra.
Como eu era pequena, assisti grande parte do jogo nos ombros de um negão que conhecemos na hora. E o cara era tão gente boa que ainda me emprestou o radinho dele para que eu pudesse "ver o jogo ouvindo a rádio Globo". E o cara era tão, mas tão, mas tão gente boa, mas tããããããõoooo gente boa, que me deu uma aula sobre o Júnior. Falou tudo sobre a carreira do nosso maestro. Aí, talvez como agradecimento, ele me mete aquele golaço.
Naquele dia, eu estava tão estupefata que passei o jogo inteiro chorando. Era a primeira vez que eu ia num estádio, no Maracanã ainda por cima, numa final, estádio lotado, a torcida fazendo uma festa linda, o time massacrando o Botafogo em campo. Costumo dizer que foi um dos dias mais felizes de toda a minha vida. Nesse exato momento em que escrevo esse texto, eu estou chorando só por relembrar aquilo tudo. Não consegui comemorar um gol, não consegui cantar uma música, mal consegui aplaudir os jogadores porque a emoção era tão grande que eu fiquei paralisada. Não sei como, mas cheguei rouca em casa e tive que colocar a culpa numa gripe inventada de última hora.
Graças a esse jogo, eu fiz uma promessa : quando eu pudesse ir aos jogos sem ser mentindo ou escondida dos meus pais, eu iria fazer de tudo para ir ao máximo de jogos possíveis. Hoje em dia, essa promessa está sendo cumprida à risca e tenho um orgulho enorme de ser aquela torcedora de carteirinha e de arquibancada.
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Twitter: @Livia43
2 comentários:
Ótimo texto. Esta de Parabéns
sou flamenguista desde quando nasci nunca vi uma paixão maior seu testo foi lindo nunca vi alguém falar com tanto amor sempre sonhei em assistir um jogo do flamengo assim acho que também choraria o tempo todo também. beijos
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